Ao longo de mais de uma década trabalhando como headhunter e sócio de uma consultoria especializada em recrutamento gerencial, tive o privilégio de acompanhar de perto muitas histórias profissionais. Conduzi centenas de processos seletivos, ajudei empresas a formarem times mais fortes e participei de decisões que mudaram trajetórias. Nesse caminho, entre entrevistas, escutas atentas e análises detalhadas, avaliei mais de mil profissionais, vi centenas serem contratados — e, acima de tudo, aprendi muito sobre o que realmente importa na hora de atrair e escolher talentos.
Mais do que identificar competências técnicas, meu trabalho como headhunter envolve acompanhar todo o ciclo de atração e seleção de talentos — desde o mapeamento dos perfis ideais até o apoio direto aos gestores na construção de equipes coesas, engajadas e com alto potencial de entrega.
E um ponto que considero muito crítico — e ainda negligenciado por muitos candidatos — é a forma como eles se preparam para entrevistas. É comum que a ansiedade por “impressionar” o entrevistador os leve a esquecer algo essencial: a entrevista é uma via de mão dupla.
O poder de fazer boas perguntas
Fazer perguntas inteligentes e abertas durante a entrevista é uma das atitudes mais poderosas que um profissional pode ter. Mais do que demonstrar interesse, essa prática oferece informações valiosas sobre a cultura, o ambiente e as expectativas da organização — dados fundamentais para uma tomada de decisão consciente sobre o próximo passo da carreira.
Essas são algumas das razões pelas quais sempre oriento meus mentorados e candidatos a adotarem uma postura investigativa durante as entrevistas:
1. Entenda a cultura da empresa – além do discurso institucional
Cada organização tem sua própria cultura — explícita ou não. Perguntar sobre os valores, o estilo de liderança, os processos internos de tomada de decisão e o ambiente no dia a dia ajuda o candidato a avaliar se existe aderência entre o que ele busca e o que a empresa oferece.
É comum ouvir discursos sobre “cultura aberta” ou “valorização de pessoas”, mas apenas ao explorar esses temas com profundidade durante a conversa é possível perceber se existe coerência entre o que é dito e o que é praticado.
2. Investigue o ambiente de trabalho e a dinâmica da equipe
Questões como: “Como é o fluxo de decisões no time?” ou “Quais são os principais desafios enfrentados pela equipe hoje?” trazem clareza sobre o funcionamento interno da organização. Isso é essencial para entender se o perfil do candidato — em termos de ritmo, autonomia e relacionamento interpessoal — está alinhado com a proposta da empresa.
Como headhunter, vejo muitos profissionais brilhantes que se frustram ao entrar em ambientes mal estruturados ou com lideranças desalinhadas. Isso poderia ser evitado com perguntas certas na hora certa.
3. Pergunte sobre desenvolvimento e crescimento profissional
Um ponto crítico, especialmente para gestores, é saber se há espaço para crescimento real dentro da organização. Perguntas como: “Quais são os caminhos típicos de evolução para essa posição?” ou “Como a empresa investe no desenvolvimento dos seus líderes?” são fundamentais.
Quando uma organização valoriza seus talentos, ela oferece estrutura, feedback e investimento em capacitação. E isso precisa estar claro desde o início da relação.
4. Avalie como a empresa enxerga equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Sim, gerentes são pessoas com vida pessoal, filhos, saúde física e mental a cuidar. É fundamental perguntar sobre políticas de trabalho híbrido, respeito aos horários fora do expediente e benefícios relacionados à qualidade de vida.
Empresas que não enxergam isso como prioridade tendem a perder talentos — e a lidar com altos índices de burnout.
5. Entenda o pacote de benefícios e suporte ao colaborador
O cuidado com as pessoas vai muito além do salário. Hoje, é essencial investigar se existem programas de mentoria, benefícios flexíveis e ações concretas voltadas ao bem-estar dos colaboradores.
Como mentor de carreira e recrutamento, vejo que empresas que cuidam de seus profissionais têm menos rotatividade e um clima organizacional mais saudável.
6. Esteja atento à coerência do processo seletivo
Outro ponto que sempre alerto candidatos experientes: o processo seletivo em si revela muito sobre a empresa. Quando as entrevistas são desalinhadas, com perguntas repetidas ou desconectadas da realidade da posição, isso pode indicar desorganização interna, falta de clareza estratégica ou até conflitos entre áreas.
Anotar as perguntas feitas, observar a consistência entre os entrevistadores e solicitar autorização para fazer anotações durante a conversa são atitudes que mostram profissionalismo e atenção aos detalhes — além de ajudarem a avaliar a empresa com mais profundidade.
7. Busque entender como o desempenho será avaliado
É essencial perguntar sobre as métricas e indicadores de performance que serão usados na função. Isso permite ao candidato alinhar expectativas e se preparar para o que será cobrado, evitando surpresas desagradáveis.
Como headhunter, vejo que a transparência nesse ponto reduz significativamente a rotatividade nos primeiros meses e aumenta o engajamento.
O que a qualidade das perguntas revela sobre o candidato?
Candidatos que fazem perguntas bem formuladas demonstram:
- Engajamento real com a posição e com a empresa
- Capacidade analítica e senso crítico
- Maturidade profissional
- Desejo genuíno de tomar decisões conscientes e bem fundamentadas
Isso é percebido — e valorizado — pelos entrevistadores, principalmente em cargos de média e alta liderança.
A entrevista é uma conversa entre adultos responsáveis pelo próprio futuro
Em mais de uma década atuando como headhunter, aprendi que os profissionais que mais acertam em suas decisões de carreira são aqueles que fazem boas perguntas e ouvem atentamente as respostas. Eles não têm medo de investigar, avaliar dados e sair da entrevista com informações suficientes para decidir se aquele é — ou não — o próximo passo certo.
No fim das contas, escolher um novo emprego é mais do que uma movimentação profissional. É uma decisão que impacta diretamente a vida, o bem-estar, os relacionamentos e o propósito de uma pessoa.
Por isso, ao se preparar para uma entrevista, lembre-se: perguntar é tão importante quanto responder.
Se você está em busca de uma nova oportunidade ou quer se preparar melhor para suas entrevistas, lembre-se: boas perguntas revelam grandes profissionais. Como headhunter há mais de 10 anos, posso afirmar que os candidatos que investigam, questionam e se posicionam com clareza são os que mais se destacam — e os que mais crescem em suas carreiras.
🔍 Quer orientação personalizada para se preparar para entrevistas estratégicas ou entender melhor o que as empresas realmente buscam? Entre em contato comigo ou com o time do Instituto Ludwig & Poloni. Juntos, podemos construir sua próxima grande oportunidade.
📩 Vamos conversar? Envie uma mensagem direta ou acesse nosso site para conhecer nossos programas de mentoria e recolocação. www.ludwigpoloni.com.br. meu whatsapp (54) 9130-5335.
Comments are closed.